segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Análise de Franchising: H-Tools



Acabo de ler na newsletter do site BestFranchising sobre uma nova marca chamada H-Tools.

O conceito é interessante: pequenas reparações para a casa. O site da empresa, www.htools.pt indica que este mercado não está ainda profissionalizado em Portugal (o que é verdade) e estima-se valer cerca de 280 milhões de euros. Quanto à estimativa, contudo, não há indicação da fonte.

Seguindo já uma tendência observada em outros sistemas recentemente, o pricing é bastante simples: trinta euros por hora de serviço e dez euros pela deslocação. O preço já inclui IVA.


O site da empresa possui um bom visual, simples e intuitivo. Também possuem página no facebook, além de Twitter e Youtube. Há indicação de link para o Linkedin, que contudo não funciona. No geral pode-se dizer que a parte do Marketing está bem feita, ainda que algumas coisas não se encaixem. Por exemplo, no texto indicado no site Bestfranchising fala-se que


mas ao mesmo tempo é indicado que a empresa não possui nenhum franchisado e apenas uma loja própria. É um destes casos em que alguém menos atento não nota.
O direito de entrada é de € 15.000 e o investimento total indicado é de € 18.000. Trata-se portanto, de um franchising que entra na categoria de "low cost". Não há indicação sobre o que este Direito de Entrada inclui.

O conceito não cobra taxa de publicidade, mas para compensar os royalties são de 6%, com um mínimo de €250 no primeiro ano e de € 500 nos anos seguintes. Isso significa que seria necessário um volume de negócios mensal de €4.166,00 para que os 6% cobrados correspondessem ao mínimo do primeiro ano. É um valor relativamente baixo.

Indo mais ao detalhe, significa uma facturação de €189 por dia, o que se traduz em seis horas de trabalho diário. Olhando por este prisma, é relativamente alto assegurar seis horas de trabalho por dia útil, supondo que cada franchisado cria apenas o seu próprio emprego e não tem empregados. Para além disso, ao se levar em consideração as deslocações até a casa do cliente, é bastante difícil garantir que alguém possa trabalhar seis horas por dia.

E no segundo ano, necessariamente, seriam necessários dois empregados a garantir 12 horas de trabalho diário, de forma a que os royalties mínimos correspondam a 6% da facturação.

Análise

O conceito de um "faz tudo" profissional parece tentador à partida. Todos nós já passamos por situações incômodas em casa em que temos um problema e não sabemos a quem ligar para resolver. E encontrar um "faz-tudo" de confiança é como encontrar um mecânico de confiança: no mínimo difícil.

Com a H-tools este problema estaria resolvido. Serviço profissional, com factura. O senão é o seguinte: quarenta euros pela primeira hora de trabalho e trinta por cada hora a seguir. Ou seja, um serviço de duas horas traduz-se em setenta euros de despesa. Haverá assim tantas pessoas no país dispostas a pagar este preço por um serviço desta natureza? Não me parece. Talvez em algumas pouca freguesias privilegiadas de Lisboa, Cascais, Sintra, Estoril, Porto ou Espinho sim. Mas fica-se por aí.

Com uma intensiva campanha de divulgação o conceito pode ser bem-sucedido. Por exemplo: distribuir ímanes de geladeira nas caixas de correios das áreas abrangidas. De tempos em tempos recebemos em nossas caixas de correio folhetos publicitários bastante simples sobre serviços relacionados a pequenas obras em casa. Mas ninguém guarda estes folhetos. Nunca os encontramos quando precisamos deles. Ímanes resolveriam esta situação.

Outra iniciativa que poderia fazer toda a diferença seria um horário alargado durante os dias de semana e a possibilidade de requisitar os serviços aos fins de semana, mesmo que se pagasse a mais por isso. A empresa, contudo, não indica em nenhum local o horário de atendimento. Se calhar até fazem isso, mas falham ao não indicar.

Talvez a verdade seja que este sector não está profissionalizado porque o público-alvo não estaria disposto a pagar o preço. É claro que, numa situação de emergência, com um cano avariado e a inundar a casa, qualquer preço é capaz de nos parecer barato, desde que a situação seja resolvida logo. Mas com que frequência isso ocorre? É uma pergunta que valeria a pena ver respondida para analisar melhor a viabilidade do negócio desde o ponto de vista de um franchisado.

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